Três meninas do Brasil, três corações democratas
Tem moderna arquitetura ou simpatia mulata
Como um cinco fosse um trio, como um traço um fino fio
No espaço seresteiro da elétrica cultura
Se a beleza não carece de ambição e escravatura
E a alegria permanece e a mocidade me procura
Liberdade é quando eu rio na vontade do assobio
Faço arte com pandeiro, matemática e loucura
Serenatas do Brasil, eu serei três serenatas
Uma é o coração febril, a outra é o coração de lata
A terceira é quando eu crio na canção um desafio
Entre o abraço do parceiro e um pedaço de amargura
Se eu ganhasse o mundo inteiro, de Amélia a Doralice
De Emília a Carolina, e os mistérios de Clarice
Se teu nome principia, Marina no amor Maria
Só faria melodias com a beleza das meninas
Quando o povo brasileiro viu Irene dar risada
Clementina no terreiro restaurando a batucada
Muito além de um quarto escuro, nos olhos da namorada
Eu sonhava com o futuro das meninas do Brasil
Deus me faça brasileiro, criador e criatura
Um documento da raça pela graça da mistura
Do meu corpo em movimento, as três graças do Brasil
Têm a cor da formosura
Não é veneno A tua boca Quando chama a luz do dia Quando diz que a chama é pouca Quando ama tão vadia Se reclama ser tão pouca A outra boca que esvazia Quando beija ou abandona Quando clama entre as chamas
Quando chia...
Quando pia entre as ramas Quando adoça é como ardia Não é veneno quando mata Quando salva e quando adia Quando louca Não é veneno a tua boca Quando é coisa de magia
Quando cobra que se enrosca Quando água que se afoga Quando forca que alivia.