quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Receita de ano novo - Carlos Drummond de Andrade


Para você ganhar belíssimo
Ano Novo cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo

até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?)


Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem

e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Brisa - Manoel Bandeira




Vamos viver no Nordeste, Anarina

Vamos viver no Nordeste

Deixarei aqui, meus amigos, meus livros

Minhas riquezas, minha vergonha


Deixarás aqui, tua filha, tua avó, teu marido

Teu amante


Aqui, faz muito calor

No Nordeste faz calor também

Mas lá tem brisa


Vamos viver de brisa, Anarina

Vamos viver de brisa

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Quantas Vidas Você Tem - Paulinho Moska




Meu amor
vamos falar sobre o passado depois
porque o futuro está esperando
por nois dois.
Por favor
deixe meu último pedido pra trás
e não volte pra ele nunca
nuca mais.
Porque ao longo desses meses
que eu estive sem você
eu fiz de tudo pra tentar te esquecer
eu ja matei você mil vezes
e o seu amor ainda me vem
então me diga quantas vidas você tem

domingo, 2 de novembro de 2008

Olê, Olá - Chico Buarque


Não chore ainda não, que eu tenho um violão
E nós vamos cantar
Felicidade aqui pode passar e ouvir
E se ela for de samba há de querer ficar
Seu padre toca o sino que é pra todo mundo saber
Que a noite é criança, que o samba é menino
Que a dor é tão velha que pode morrer
Olê, olê, olê, olá
Tem samba de sobra, quem sabe sambar
Que entre na roda, que mostre o gingado
Mas muito cuidado, não vale chorar

Não chore ainda não, que eu tenho uma razão
Pra você não chorar
Amiga, me perdoa, se eu insisto à toa
Mas a vida é boa para quem cantar
Meu pinho, toca forte que é pra todo mundo acordar
Não fale da vida, nem fale da morte
Tem dó da menina, não deixa chorar
Olê, olê, olê, olá
Tem samba de sobra, quem sabe sambar
Que entre na roda, que mostre o gingado
Mas muito cuidado, não vale chorar

Não chore ainda não, que eu tenho a impressão
Que o samba vem aí
É um samba tão imenso que eu às vezes penso
Que o próprio tempo vai parar pra ouvir
Luar, espere um pouco, que é pra o meu samba poder chegar
Eu sei que o violão está fraco, está rouco
Mas a minha voz não cansou de chamar
Olê, olê, olê, olá
Tem samba de sobra, ninguém quer sambar
Não há mais quem cante, nem há mais lugar
O sol chegou antes do samba chegar
Quem passa nem liga, já vai trabalhar
E você, minha amiga, já pode chorar

domingo, 26 de outubro de 2008

Dois Olhos Negros - Lenine



Queria ter coragem de saber

O que me prende?

O que me paralisa?

Serão dois olhos

Negros como os teus

Que me farão cruzar a divisa


É como se eu fosse pr'um Vietnã

Lutar por algo que não será meu

A curiosidade de saber

Quem é você?


Dois olhos negros!

Dois olhos negros!


Queria ter coragem de te falar

Mas qual seria o idioma?

Congelado em meu próprio frio

Um pobre coração em chamas


É como se eu fosse um colegial

Diante da equação

O quadro, o giz

A curiosidade do aprendiz

Diante de você


Dois olhos negros!

Dois olhos negros


O ocultismo, o vampirismo

O voodoo

O ritual, a dança da chuva

A ponta do alfinete, o corpo nú

Os vários olhos da Medusa


É como se estivéssemos ali

Durante os séculos fazendo amor

É como se a vida terminasse ali

No fim do corredor


Dois olhos negros!

Dois olhos negros!

Dois olhos negros!

Dois olhos negros!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Provas de Amor - Paulo Miklos



Acabo de te trair
Em pensamento
Não deixo você ouvir
O que te traz sofrimento
Acabo de me trair
O que é que eu estou dizendo ?

Se é amor tem
Desencontros
Amar também
Um contra o outro
E lutar sempre
Por esse amor

Que morre e reascende
Melhor
Existem provas de amor
Provas de amor apenas
Provas de amor
Não existe o amor
Não existe o amor
Não existe o amor não existe
O amor
Apenas provas de amor

Acabo de me separar
Sem fazer alarde
Te ligo quando chegar lá
E te escondo a verdade
Nós vamos nos reconciliar
E você nem sabe
Se é amor tem
Desencontros
Amar também
Um contra o outro
E lutar sempre
Por esse amor
Que morre e reascende
E não tem fim

Combinamos
Destruir mas
Sempre estamos
Enganados
Vendo-o ressurgir
É você que eu amo

Existem provas de amor
Provas de amor apenas
Provas de amor
Não existe o amor
Não existe o amor
Não existe o amor não existe
O amor
Apenas provas de amor

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Um Conto de Fadas Imoral - O Trovador




Ela ouvia aqueles discos velhos da sua infância e bebia um vinho naquela velha casa de madeira. Sua avó já morrera a muito. Alguns vultos passavam pela janela. Olhos grandes. Nariz grande. Boca grande. Vultos vorazes passavam pela janela e Chayenne rememorava sua infância. Não sabia o motivo. Na verdade não sabia sequer por que voltara para essa casa velha caindo aos pedaços. Tudo está empoeirado. Não há energia. Somente uma mesa, algumas camas de palha, uma velha poltrona cheia de traças e um antigo toca discos à manivela que, não se sabe como, ainda funcionava e tocava os velhos e saudosos Long-plays. Isso tudo rememorava sua infância.

Nunca mais fora à casa de sua avó depois do acontecido. Foi para a cidade com seu tio.

Chayenne abriu a mala que havia trago consigo e tirou uma longa capa vermelha que acompanhava um capuz. Era muito parecida com aquela da sua infância, porém ela não sabia o motivo deste sentimento estranho que pairava sobre sua cabeça. Lembrava de várias coisas e se lembrava que algo muito importante acontecera nesse seu passado obscuro, fazendo-a mudar para a cidade, só não sabia o que era. De alguma forma era tudo tão vago, tão distante, tão impossível. As poucas coisas que vinham à cabeça pareciam até conto de fadas. Nada parecia real.

Ela vestiu a sua capa vermelha e começou a andar pelo bosque. Perto dalí alguns lenhadores tiravam o que iria lhes servir.

- Ei! Ei você! Cuidado por onde anda, moça. Ah lobos rondando por aqui! - um dos lenhadores a advertiu.

- Tudo bem! Não se preocupe. Não é proibido cortas essas árvores?

- Er... Sim, mas alguns de nós temos licença para tirar um tanto para o nosso sustento. Aqui ainda não tem energia elétrica então somos obrigados a usar lareiras e fogões à lenha. Aqui não é como a cidade, de onde você parece ter vindo.

Chayenne pediu desculpas e o lenhador tornou a adverti-la sobre os lobos. Chay acenou e se despediu.

Sentia já ter visto essa cena antes. Oh sim! Já vira. Há muito tempo. Quando ela usava uma capa vermelha muito menor do que essa que sua avó havia feito. Como era? Qual era mesmo o nome? Oh sim! Capinha Vermelha... era assim que a chamavam. É mesmo! Lembrava-se enquanto caminhava distraidamente. Até sua mãe a chamava de Capinha.

Para onde ia agora? Dessa vez ela entrava na mata deliberadamente. Sua mãe não a proibia mais de fazer mais nada. Na verdade nem mãe ela tinha mais. Quando fora a última vez que a vira? Oh sim! Foi no caixão. Na verdade depois de ter saído com o tio para a cidade, ela nunca mais viu a mãe. Então num dia qualquer, como esses dias quaisquer em que a única coisa que se faz é trabalhar, seu chefe a chamou dizendo que ela recebera uma ligação importante de seu primo que tinha ido visitar a mãe de Chayenne. Ele trazia notícias. Má notícia. A mãe dela havia morrido.

Agora dois anos após a morte de sua mãe, Capinha retornou a este estranho lugar, onde os fantasmas do seu estranho e fantasioso passado a aguardavam.

E para onde ia? Levar doces para alguém? Sua avó já morrera. Não tinha mais ninguém. Leva uma cesta sim, mas não com doces apenas. As folhas batiam umas nas outras ao soprar do vento deixando a mata ainda mais tenebrosa.

Lembrou-se da adolescência. Tornou-se uma garota libidinosa. Foi pega inúmeras vezes fazendo o que não devia dentro da escola. Levou incontáveis palmatórias. Foi expulsa várias vezes. Sentia-se um lobo faminto. Tirou a virgindade do primo. E do primo do primo. Para ela era tudo uma festa. Até que seu lobo interior adormeceu e junto com ele o seu fogo foi ficando pequeno. Jamais apagou, mas tornou-se, de uma floresta em chamas, uma pequena vela que é colocada ao lado das camas para iluminar a noite quando faltava luz elétrica em casa.

Agora tudo parecia mudar. Sentia seu lobo acordar novamente. Mas parecia que ele tinha saído de dentro dela. Algo muito estranho acontecia. Uma lembrança do passado? Um passado negro? Não sabia.

"Oh Capinha, tira tua roupa e deita-te aqui comigo, sua avózinha"*
"Mas que grandes olhos são esses teus?"
"São para melhor te enxergar"
"E esses braços, também, tão grandes?"
"São para melhor te abraçar"
"E essa tua boca tão grande?"
"É para te comer!"

Ouviu-se um uivo e Chayenne acordou de seus estranhos pesadelos extremamente assustada. Estava encostada numa árvore. Olhou em volta e começou a ver sombras, vultos muito estranhos. Um medo assolava sua mente, mas um calor inebriante aquecia todo o seu corpo. De onde vinha esse calor. Não sabia. Logo ela viu a sombra de um lobo, mas logo essa sombra mostrava algo anormal: o lobo parecia ficar de pé.

O medo de Capinha diminuía pouco a pouco ao mesmo tempo em que o calor aumentava. O lobo pô-se a frente à mulher. Ele ofegava. E logo perguntou aonde ela iria. Capinha fitou o lobo com o mesmo olhar que tinha na adolescência, e então descobriu de onde vinha todo esse seu fogo, abriu um largo sorriso e finalmente respondeu lambendo os lábios:
"Não vou a lugar algum".

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

A Primavera - Carlos Lyra




O meu amor sozinho

é assim como um jardim sem flor

Só queria poder ir dizer a ela

Como é triste sentir saudade
É que eu gosto tanto dela
Que é capaz dela gostar de mim

E acontece que eu estou mais longe dela

Que a estrela a reluzir na tarde


Estrela, eu lhe diria

Desce a terra, o amor existe

E a poesia só espera ver

Nascer a primavera

Para não morrer


Não há amor sozinho

É juntinho que ele fica bom

Eu queria dar-me todo o teu carinho

Eu queria ter felicidade


É que o meu amor é tanto

Um encanto que não tem mais fim

No entanto ele nem sabe que isso existe

É tanto triste se sentir saudade


Amor eu lhe direi
Amor que eu tanto procurei
Ah quem me dera
Eu pudesse ser
A tua primavera
E depois morrer


domingo, 12 de outubro de 2008

You Are My Sunshine





You are my sunshine my only sunshine
You make me happy when skies are grey

You'll never know dear how much I love you

Please don't take my sunshine away

The other night dear as I laid sleeping
I dreamed I held you in my arms
When I awoke dear I was mistaken and
I hung my head and cry


I'll always love you and make you happy
if you will only say the same

But if you leave me to love another
you'll regret it all some day




You told me once dear
you really loved me and
no one else could come between

But now you've left me and love another
you have shattered all my dreams


You are my sunshine my only sunshine...

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Eu e a vida - Jorge Vercilo



Vem me pedir
além do que eu posso dar
É aí que o aprendizado está
Vem de onde não sonhei
me presentear
Quando chega o fim da linha
e já não há aonde ir
Num passe de mágica
A vida nos traz sonhos pra seguir
Queima meus navios
pr'eu me superar
as vezes pedindo
que ela vem nos dar
o melhor de si

E quando vejo,
a vida espera mais de mim
mais além, mais de mim
O eterno aprendizado é o próprio fim
Já nem sei se tem fim
De elástica, minha alma dá de si
Mais além, mais de mim
Cada ano a vida pede mais de mim
mais de nós, mais além

Vem me privar pra ver
o que vou fazer
Me prepara pro que vai chegar
Vem me desapontar
pra me ver crescer
Eu sonhei viver paixões, glamour
Num filme de chorar
Mas como é Felini, o dia-a-dia
Minha orquestra a ensaiar
Entre decadência e elegância,
zique-zaguear
Hoje, aceito o caos.

E quando vejo,
a vida espera mais de mim
mais além, mais de mim
O eterno aprendizado é o próprio fim
Já nem sei se tem fim
De elástica, minha alma dá de si
Mais além, mais de mim
Cada ano a vida pede mais de mim
mais de nós, mais além

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Samba e Leveza - Lenine



Foi na leveza
Só sentimento
E me entregou suas palavras
Como quem dava um pedaço
Delicadeza foi
Disse ao meu coração
E ela me deu a intenção
Do samba que eu não fiz

Ô, sambá
É o que eu quero sentir
Ô, sambá
Quando eu te ver sorrir
Ô, sambá
Coisa melhor que eu fiz
Mundo caiu no samba
Na hora que eu te vi

Você me batucou
Skindô meu coração
Quando eu te vi
Sambar assim
Aqui neste lugar
Onde este mesmo sol
Costuma aparecer
E a lua vem ouvir
O som estéreo do mar

Ô, sambá
Venha me dar seu amor
Ô, sambá
Que eu sambo aonde for
Ô, sambá
É o tempo certo de ser
E eu sambaria o mundo
Só pra encontrar você

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Mais Que Isso - Ana carolina e Chico César



Eu não vou gostar de você porque sua cara é bonita

O amor é mais que isso

O amor talvez seja uma música que eu gostei e botei numa fita

Eu não vou gostar de você porque você acredita

O amor é mais que isso

O amor talvez seja uma coisa que até nem sei se precisa ser dita

Deixa de tolice, veja que eu estou aqui agora

inteiro, intenso, eterno, pronto pro momento e você cobra

Deixa de bobagem, é claro, certo e belo como eu quero

O corpo, a alma, a calma, o sonho, o gozo, a dor e agora pára

Será que é tão difícil aceitar o amor como é

E deixar que ele vá e nos leve pra todo lugar

Como aqui

Será melhor deixar essa nuvem passar

E você vai saber de onde vim, aonde vou

E que eu estou aqui

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Mistério Escancarado - Juliana Santos


Vê-la praticamente todos os dias...Todos os dias falar com ela...Ter uma amizade estreita de anos, e mesmo assim, não poder dizer:

-Conheço-a muito bem!!!

Ela muda todos os dias, e é a mesma... Nunca será o tipo de mulher a quem se diga
“ Continue sempre assim”...até porque, mesmo que fosse possível ela não quereria...enjoaria de si mesma!

Ao longo da semana pensei em coisas ótimas pra escrever pra ela nesse dia...não pude faze-lo...e aquelas coisas legais que eu pensei, frases bem construídas se perderam na minha mente anuviada...


Resta dizer aquelas coisas que ela já sabe, ou espero que saiba...

Eu a amo muito...de um amor de irmã preferida... Quero tanto bem a ela quanto quero a mim mesma...Espero estar com ela em seus momentos cruciais e poder ser sempre uma boa amiga...tipo casamento...na alegria e na tristeza, sem aquele negócio da morte nos separando...

Posso dizer que praticamente todas as coisas boas que aconteceram comigo recentemente tiveram a ajuda dela...Mais que isso...ela me obriga a fazer o melhor pra mim... Me mostra as coisas mais interessantes... Desperta o gosto por café... Traz novos e deliciosos vícios pra vida diária... Traz os melhores amigos...


Ter lugar VIP no coração dela é uma grande alegria... Tornei-me sócia GOLD e não deixarei de ser jamais...ela tem a minha torcida organizada...Estarei sempre lá balançando os pompons *\0/* *\0/* *\0/* *\0/* *\0/* *\0/* *\0/* *\0/* *\0/* *\0/* *\0/* *\0/* *\0/* *\0/*

Vinte e Nove - Renato Russo



Perdi vinte em vinte e nove amizades
Por conta de uma pedra em minhas mãos
Embriaguei morrendo vinte e nove vezes
Estou aprendendo a viver sem você
Já que você não me quer mais
Passei vinte e nove meses num navio
E vinte e nove dias na prisão
E aos vinte e nove com o retorno de saturno
Decidi começar a viver
Quando você deixou de me amar
Aprendi a perdoar e a pedir perdão
E vinte e nove anjos me saudaram
E tive vinte e nove amigos outra vez

01 de outubro de 2008

Tentou fingir que não era com ela. Retardou seu despertar, mas era inútil. Começou a verificação mental diária de seus afazeres. Conferência, garantias, observação rotineira do cumprimento da máxima qualidade no trabalho mecânico ao qual é destinada. Levantou e foi ao espelho, as manchas continuavam em seu rosto.

Vinte e nove anos. Quem diria? Se tivesse sido entrevista há dez anos, com todo entusiasmo que o desconhecimento permite, certamente afirmaria que esse seria um acontecimento feliz. Resolveu não lembrar os objetivos traçados na época, já bastava não se sentir.

“Uma mulher precisa de certas coisas para se reconhecer fêmea” - essas manchas eram desestimulantes. Nada de maquiagem, estava impedida de colocar a máscara social cabível a este dia de suposta comemoração. Nada de roupas exuberantes, precisa cobri-se, para não expor ao sol, nem ao outros as marcas escarlates da sua frustração. Nada de fotos, reuniões e risos. Impossível se animar. Poderia recorrer à fé, se esta já não tivesse se desconectado de sua alma para um passeio, não avisou se voltava.

Não restaram muitas opções, foi encarar o mundo com a parca disposição que tinha. Arriscou manter a esperança na passagem rápida do tempo. “No futuro talvez isso tudo seja apenas uma má recordação” – assim consolou em vão seu coração infeliz enquanto caminhava.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Eu Odeio Auto-Ajuda

"Em um passado muito distante, quando os homens eram homens, e correr sobre a lua cheia era a vida dos valentes, todos podiam prever o futuro. Hoje eu vou ensinar a prever o futuro, rever o passado e conhecer o presente, eu vou abrir o livro do mundo aos seus olhos, olhos que temem a luz e que preferem viver na sombra da caverna.

Você sempre soube como fazer tais coisas mas, como quase todos os outros homens, você esqueceu. Todos os dias da sua vida miserável você anseio por liberdade, por certeza e por fé, sem saber que isso tudo esta com você sempre, e que você só não as possui por ser covarde. Vou lhe dizer agora o que deve fazer pra ser completo, é uma lista de coisas simples mas muito difíceis de se fazer pra quem já não é mais uma criança, não se recrimine se não conseguir.

1°- Discernir o certo e o errado.

Nunca deixe que outros ditem a verdade na sua vida, eu sei que da trabalho pensar, refletir , e as vezes ate dói, mas encare com coragem as decisões e o mundo vai parecer menos caótico e mais organizado. Se quiser saber se algo é certo ou errado se faça duas perguntas

Isso me prejudica?

Se a reposta for sim, não faça, pois aquilo que prejudica a si nunca pode ser algo bom ou certo. Em caso de resposta negativa passe a próxima pergunta.

Isso prejudica a meu próximo?

Se a resposta for sim, não faça, pois se alguém esta saindo prejudicado, mesmo que não seja você, isso não pode ser uma coisa boa. A única ressalva a essa regra é a defesa própria e daqueles que você ama, defender-se, ao a quem se ama, nunca é condenável mesmo que não seja a atitude mais correta.

Caso a sua ação passe nesses dois testes, não importando o que seja, não tenha medo de ir pro inferno, pois tudo que você fizer será pleno.

2°- Conhecer o intimo das pessoas.

Você só se engana quanto às pessoas por ter medo de que elas não correspondam a suas expectativas. Cada alma é um livro aberto, mas que precisa de coragem pra ser lido. Você nunca conhecera ninguém enquanto tiver medo de olhar para suas próprias falhas.

A primeira coisa a fazer é olhar pra você mesmo. Pare de negar seus próprios defeitos, aceite-os, e sabendo de suas falhas tente corrigi-las, quando conseguir perceber os seus defeitos em todas as situações, você vai começar a perceber também os defeitos dos outros, mas não vai mais criticar, apenas vai usar essa habilidade pra se cercar das pessoas certas. Enquanto você tentar se enganar, tentar não ver seus próprios defeitos, você não conseguirá ver os dos outros.

A segunda coisa é parar de idealizar as pessoas. Para de julgar as pessoas pela aparência, pela religião, pelas musicas que escutam ou pelo trabalho que fazem. Não tente se iludir achando que só por que alguém é da maneira que você considera “certa” essa pessoa será perfeita, não ache que só por que se é rico se é educado, que se é interessante por que se é bonito, ou que se é mesquinho por que se é pobre, a vida não funciona assim. Pare de tentar se convencer de que as pessoas são o que você quer que elas sejam, o que as pessoas são geralmente não depende do que você quer. Quando conseguir ver as qualidades daqueles que odeia, e os defeitos aqueles que ama, as pessoas serão um livro aberto pra você.

3° prever o futuro.

Prever o futuro é fácil, pois o futuro é você quem faz. Mas mesmo a parte que não depende de você pode ser prevista, quando você souber a diferença entre certo e errado, e conhecer o intimo das pessoas poderá facilmente prever as ações deles em qualquer situação. Mas o primeiro passo pra prever o futuro é confiar no que você já prevê, sim, isso mesmo, você já prevê muitas vezes mas simplesmente não acredita. A sua intuição lhe avisa de muitas coisas antes que elas aconteçam, mas como um bom filho da ciência você não “se deixar levar por crendices”, quando você aprender a ouvir sua intuição, e também confiar nela, ela vai recompensá-lo funcionado mais e melhor. Quando achar que viu, ouviu ou sentiu algo, não ache, tenha certeza. Quando pressentir que algo ruim vai acontecer, esta acontecendo ou aconteceu, não ignore, leve em conta e aja de acordo.

Mude três coisas na sua vida, três coisas que eu mudei na minha, e veja o resultado não daqui ao um mês, um ano ou dois, mas hoje, agora. Se lhe falta coragem, eu sinto por você, do lado de fora da caverna o mundo é maravilho. Perigoso, e às vezes inquietante, mas com certeza maravilhoso."

Texto usurpado do Blog: Empirium.
Visitem: http://empirium.blogspot.com/

Martelo Bigorna - Lenine



Muito do que eu faço

Não penso, me lanço sem compromisso.

Vou no meu compasso
Danço, não canso a ninguém cobiço.
Tudo o que eu te peço
É por tudo que fiz e sei que mereço
Posso, e te confesso.
Você não sabe da missa um terço

Tanto choro e pranto

A vida dando na cara
Não ofereço a face nem sorriso amarelo
Dentro do meu peito uma vontade bigorna
Um desejo martelo

Tanto desencanto
A vida não te perdoa
Tendo tudo contra e nada me transtorna
Dentro do meu peito um desejo martelo
Uma vontade bigorna

Vou certo
De estar no caminho
Desperto.

sábado, 27 de setembro de 2008

Vamos Comer Caetano - Adriana Calcanhoto


Vamos comer Caetano
Vamos desfrutá-lo

Vamos comer Caetano

Vamos começá-lo


Vamos comer Caetano

Vamos devorá-lo

Degluti-lo, mastigá-lo

Vamos lamber a língua


Nós queremos bacalhau
A gente quer sardinha

O homem do pau-brasil

O homem da Paulinha

Pelado por bacantes

Num espetáculo

Banquete-ê-mo-nos

Ordem e orgia
Na super bacanal
Carne e carnaval


Pelo óbvio

Pelo incesto

Vamos comer Caetano

Pela frente

Pelo verso

Vamos comê-lo cru

Vamos comer Caetano
Vamos começá-lo
Vamos comer Caetano

Vamos revelarmo-nus

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Canção - Cecília Meireles



Pus o meu sonho num navio

e o navio em cima do mar;

- depois, abri o mar com as mãos,

para o meu sonho naufragar


Minhas mãos ainda estão molhadas

do azul das ondas entreabertas,

e a cor que escorre de meus dedos

colore as areias desertas.


O vento vem vindo de longe,

a noite se curva de frio;

debaixo da água vai morrendo

meu sonho, dentro de um navio...


Chorarei quanto for preciso,

para fazer com que o mar cresça,

e o meu navio chegue ao fundo

e o meu sonho desapareça.


Depois, tudo estará perfeito;

praia lisa, águas ordenadas,

meus olhos secos como pedras

e as minhas duas mãos quebradas.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Me Sento Na Rua - Ana Carolina Vanessa da Mata




Me sento na rua em frente as horas

Como a qualquer hora

Assim mesmo eu sou

Sou de qualquer jeito nem tudo eu respeito

Pra onde for o vento eu vou


Pano de mesa

Pano de chão

Numa metrópole rasgada

Sou filho do nada costurada em meio-fio

Desfilando pela calçada

Todos num vão

Cheios de vazio

Divagando na estação

Mas nem tão devagar

Saí com tanta pressa

Que larguei meu anjo da guarda por lá


Me sento na rua em frente as horas

Como a qualquer hora

Assim mesmo eu sou

Sou de qualquer jeito nem tudo eu respeito

Pra onde for o vento eu vou


Acabou a pilha da rádio FM de tanto meu ouvido tocar

Perambulando na surdina eu queria te encontrar

Tô cercada de vizinhos e cada um sabe um lado meu

Todos tantos um só nenhum

Foi me compondo todos eu

Se você ainda quiser saber como eu sou

Me encontrar pode me procurar

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Nem Luxo, Nem Lixo - Rita Lee


Como vai você

Assim como eu

Uma pessoa comum

Um filho de Deus

Nessa canoa furada

Remando contra a maré


Não acredito em nada,

Só não duvido da fé


Não quero luxo, nem lixo

Meu sonho é ser imortal, meu amor

Não quero luxo, nem lixo
Quero saúde pra gozar no final

domingo, 21 de setembro de 2008

A Medida Da Paixão - Lenine


É como se a gente

Não soubesse

Prá que lado foi a vida

Por que tanta solidão?

E não é a dor

Que me entristece

É não ter uma saída

Nem medida na paixão...

Foi!

O amor se foi perdido

Foi tão distraído

Que nem me avisou Foi!

O amor se foi calado

Tão desesperado

Que me machucou...

É como se a gente

Pressentisse

Tudo que o amor não disse

Diz agora essa aflição

E ficou o cheiro pelo ar

Ficou o medo de ficar

Vazio demais meu coração...

Foi!

O amor se foi perdido

Foi tão distraído

Que nem me avisou

Nem me avisou!

Foi!

O amor se foi calado

Tão desesperado

Que me maltratou...

sábado, 20 de setembro de 2008

Das Vantagens de ser Bobo - Clarice Lispector



O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir, tocar no mundo.
O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado
por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo, estou pensando”.
Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de
sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.
O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas.
O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver.
O bobo parece nunca ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.
Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer.
Resultado: não funciona.
Chamado um técnico, a opinião deste era que o aparelho estava tão estragado que o concerto seria caríssimo: mais vale comprar outro.
Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e, portanto estar tranqüilo.
Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.
Aviso: não confundir bobos com burros.
Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"
Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!
Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu.
Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.
O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos.
Os espertos ganham dos outros. Em compensação, os bobos ganham a vida.
Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás,
não se importam que saibam que eles sabem.
Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro,
com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem
por não nascer em Minas!
Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas.
É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca.
É que só o bobo é capaz de excesso de amor.
E só o amor faz o bobo.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Vênus - Moska


Não falo do amor romântico,

Aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento.

Relações de dependência e submissão, paixões tristes.

Algumas pessoas confundem isso com amor.
Chamam de amor esse querer escravo,

E pensam que o amor é alguma coisa
Que pode ser definida, explicada, entendida, julgada.

Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro,

Antes de ser experimentado.
Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta.

A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado.
O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita.
O amor é um móbile.Como fotografá-lo?

Como percebê-lo?Como se deixar sê-lo?

E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor nos domine?

Minha resposta? o amor é o desconhecido.

Mesmo depois de uma vida inteira de amores,

O amor será sempre o desconhecido,

A força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.
A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação.

O amor quer ser interferido, quer ser violado,
Quer ser transformado a cada instante.

A vida do amor depende dessa interferência.

A morte do amor é quando, diante do seu labirinto,
Decidimos caminhar pela estrada reta.

Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos,
E nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim.
Não, não podemos subestimar o amor não podemos castrá-lo.

O amor não é orgânico.


Não é meu coração que sente o amor.
É a minha alma que o saboreia.
Não é no meu sangue que ele ferve.
O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito.
Sua força se mistura com a minha

E nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu

Como se fossem novas estrelas recém-nascidas.

O amor brilha. como uma aurora colorida e misteriosa,

Como um crepúsculo inundado de beleza e despedida

O amor grita seu silêncio e nos dá sua música.

Nós dançamos sua felicidade em delírio

Porque somos o alimento preferido do amor,

Se estivermos também a devorá-lo.



O amor, eu não conheço.

E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo,

Me aventurando ao seu encontro.

A vida só existe quando o amor a navega.

Morrer de amor é a substância de que a vida é feita.

Ou melhor, só se vive no amor.

E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Às Vezes Nunca - Zélia Duncan



Às vezes
Nunca te vi antes
Às vezes nunca amantes
Nunca além
Às vezes nunca te quis
Às vezes nunca infeliz
Nunca ninguém
Não te reconheço mais
Tuas roupas são outras
E soltas de mim
As palavras da tua boca
Te vejo
e pareço louca
Sem memória
Sem estória
Até que alguma canção
Algum cheiro ou expressão
Me faça te ver de novo
Mas é rápido
É quase pouco
E nem dói nada
Nossa paixão congelada

domingo, 14 de setembro de 2008

This Love - The Magic Numbers



Through the gates of lying she left
Through the years I've wept
Lying face down in the ground
And I can't hold you now
Why did I choose to refuse you
It's not that I used you
I left when I should have
Believed that I couldn't hold on
But you never let go
Or at least I think so

And if all I've got are these tears
Will the sun come up
And rid me of darkness again
Throw my hands up

Why did I choose to refuse you
It's not that I used you
And all of my words were withheld
And not heard, I did fall
But you never let go
Or at least I think so

Oooh, since you know that I'm here
Oooh, since you know that I'm here

This love
This heart
This is waking up

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Sorrir - Djavan



Sorri quando a dor te torturar

E a saudade atormentar

Os teus dias tristonhos vazios

Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador

Sorri quando o sol perder a luz

E sentires uma cruz

Nos teus ombros cansados doridos

Sorri vai mentindo a sua dor

E ao notar que tu sorris

Todo mundo irá supor

Que és feliz


Smile

sexta-feira, 5 de setembro de 2008


Não adianta mentir pra mim mesma

Ficar me enganando, tentando dizer

Que nunca na vida, nunca na vida eu gostei de pão doce


Porque por mais que eu queira esconder

A verdade é que eu adorava pão doce

Não podia passar sem pão doce

Bastava ver padaria, que logo eu ia, que logo eu ia

Comprar


Não adianta mentir pra mim mesma

Porque no fundo, porque no fundo eu sei muito bem

Que essa história toda de não comer açúcar

Que essa história toda de não comer pão branco

Que essa história toda de viver de mel e pão integral

Isso tudo só foi começar muito depois

Depois de um tempo em que eu era

Tão completamente ingênua

Tão sem força de vontade


Que as doces delicadezas

De qualquer guloseima

Lânguidas me seduziam

E minha língua sofria

De incontrolável fascínio

Por cremes dourados

E frutas cristalizadas

Feito rubis incrustadas

Nas crostas crocantes dos pães

Mas hoje



Hoje tudo é diferente

Se eu olho pruma padaria, me ponho cismando, chego a duvidar

Como é que pôde um dia

Eu ter entrado tanto lá!...



Porque por mais que eu queira, mas que eu queira

Mentir pra mim mesma

Ficar me enganando, tentando dizer

Que nunca na vida, nunca na vida eu gostei de pão doce

Fazendo um exame detido, sendo sincera, eu tenho que admitir

Que a verdade, meus amigos(pelo menos no que tange a trigos)

A verdade no duro, doa a quem doer

A verdade é que eu adorava pão doce

A verdade é que eu adorava pão doce

A verdade é que eu adorava pão doce...

Eu quero você como eu quero - Leoni


Diz prá eu ficar muda
Faz cara de mistério
Tira essa bermuda
Que eu quero você sério...

Dramas do sucesso
Mundo particular
Solos de guitarra
Não vão me conquistar...

Uh! eu quero você
Como eu quero!
Uh! eu quero você
Como eu quero!...(x2)

O que você precisa
É de um retoque total
Vou transformar o seu rascunho
Em arte final...

Agora não tem jeito
Cê tá numa cilada
Cada um por si
Você por mim e mais nada...

Uh! eu quero você
Como eu quero!
Uh! eu quero você
Como eu quero!...

Longe do meu domínio
Cê vai de mal a pior
Vem que eu te ensino
Como ser bem melhor...

Longe do meu domínio
Cê vai de mal a pior
Vem que eu te ensino
Como ser bem melhor...
(Bem melhor!)...

Uh! eu quero você
Como eu quero!
Uh! eu quero você
Como eu quero!...(2x)

Uh! eu quero você
Como eu quero!
Uuuuuuuuuuhhh!
Uuuuuuuuuuhhh!...

sexta-feira, 29 de agosto de 2008


Tu és o grande amor


Da minha vida


Pois você é minha querida


E por você eu sinto calor


Aquele seu chaveiro


Escrito "love"


Ainda hoje me comove


Me causando imensa dorDor!...


Eu me lembro


Do dia em que você


Entrou num bode


Quebrou minha vitrola


E minha coleçãoDe Pink Floyd...


Eu sei!


Que eu não vou ficar


Aqui sozinho


Pois eu sei


Que existe um careta


Um careta em meu caminho...


Ah!Nada me interessa


Nesse instante


Nem o Flávio Cavalcanti


Que ao teu lado


Eu curtia na TV, na TV...


Nessa sala hoje


Eu peço arrêgo


Não tenho paz


Nem tenho sossego


Hoje eu vivo somente


A sofrer! A sofrer!...


E até!Até o filmeQue eu vejo em cartaz


Conta nossa história


E por isso, e por issoEu sofro muito mais...


Eu sei!Que dia a diaAumenta o meu desejo


E não tem Pepsi-cola que sacie


A delícia dos teus beijos...


Ah!Quando eu me declarava


Você ria


E no auge da minha agonia


Eu citava Shakespeare...


Não posso sentir


Cheiro de lasanha


Me lembro logo


Das casas da banha


Onde íamos nos divertir


Divertir!...Mas hoje o meu


Sansui-Garrat e Gradiente


Só toca mesmo embalo quente


Prá lembrar do teu calor


Então eu vou ter


Com a moçada lá do Pier


Mas prá eles é careta


Se alguém


Se alguém fala de amor


Ah!...Na Faculdade de Agronomia


Numa aula de energia


Bem em frente ao professor


Eu tive um chilique desgraçado


Eu vi você surgindo ao meu lado


No caderno do colega Nestor


Nestor!...


É por isso, é por isso


Que de agora em diante


Pelos 5 mil auto-falantes


Eu vou mandar berrar


O dia inteiro


Que você é: O MeuMáximo Denominador Comum!...

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Fernando Pessoa - Primeiro Fausto



I
Beber a vida num trago, e nesse trago
Todas as sensações que a vida dá
Em todas as suas formas [...]


Dantes eu queria
Embeber-me nas árvores, nas flores,
Sonhar nas rochas, mares, solidões.
Hoje não, fujo dessa idéia louca:
Tudo o que me aproxima do mistério
Confrange-me de horror. Quero hoje apenas
Sensações, muitas, muitas sensações,
De tudo, de todos neste mundo — humanas,
Não outras de delírios panteístas
Mas sim perpétuos choques de prazer
Mudando sempre,
Guardando forte a personalidade
Para sintetizá-las num sentir.
Quero
Afogar em bulício, em luz, em vozes,
— Tumultuárias [cousas] usuais —
o sentimento da desolação
Que me enche e me avassala.
Folgaria
De encher num dia, [...] num trago,
A medida dos vícios, inda mesmo
Que fosse condenado eternamente —
Loucura! — ao tal inferno,
A um inferno real.


Trecho Inical do Terceiro Tema: A Falência do Amor e do Prazer

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

A Bunda - Carlos Drummond de Andrade


A Bunda, que Engraçada

A bunda, que engraçada.

Está sempre sorrindo, nunca é trágica

Não lhe importa o que vaipela frente do corpo.

A bunda basta-se.

Existe algo mais? Talvez os seios.

Ora - murmura a bunda - esses garotos

ainda lhes falta muito que estudar.

A bunda são duas luas gêmeas

em rotundo meneio. Anda por si

na cadência mimosa, no milagre

de ser duas em uma, plenamente.

A bunda se diverte

por conta própria. E ama.

Na cama agita-se. Montanhas

avolumam-se, descem. Ondas batendo

numa praia infinita. Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz

na carícia de ser e balançar.

Esferas harmoniosas sobre o caos.

A bunda é a bunda,

redunda