quarta-feira, 1 de outubro de 2008

01 de outubro de 2008

Tentou fingir que não era com ela. Retardou seu despertar, mas era inútil. Começou a verificação mental diária de seus afazeres. Conferência, garantias, observação rotineira do cumprimento da máxima qualidade no trabalho mecânico ao qual é destinada. Levantou e foi ao espelho, as manchas continuavam em seu rosto.

Vinte e nove anos. Quem diria? Se tivesse sido entrevista há dez anos, com todo entusiasmo que o desconhecimento permite, certamente afirmaria que esse seria um acontecimento feliz. Resolveu não lembrar os objetivos traçados na época, já bastava não se sentir.

“Uma mulher precisa de certas coisas para se reconhecer fêmea” - essas manchas eram desestimulantes. Nada de maquiagem, estava impedida de colocar a máscara social cabível a este dia de suposta comemoração. Nada de roupas exuberantes, precisa cobri-se, para não expor ao sol, nem ao outros as marcas escarlates da sua frustração. Nada de fotos, reuniões e risos. Impossível se animar. Poderia recorrer à fé, se esta já não tivesse se desconectado de sua alma para um passeio, não avisou se voltava.

Não restaram muitas opções, foi encarar o mundo com a parca disposição que tinha. Arriscou manter a esperança na passagem rápida do tempo. “No futuro talvez isso tudo seja apenas uma má recordação” – assim consolou em vão seu coração infeliz enquanto caminhava.

Um comentário:

Chay Fernandes disse...

Ainda bem que se tornou mesmo uma má recordação! kkkkkkkkkkkkkkk