
Camilo Pessanha
E Eis Quanto Resta Do Idílio Acabado
- Primavera que durou um momento...Como vão longe as manhãs do convento!- Do alegre conventinho abandonado... Tudo acabou... Anémonas, hidrângeas,Silindras, - flores tão nossas amigas!No claustro agora viçam as urtigas,Rojam-se cobras pelas velhas lájeas.
Sobre a inscrição do teu nome delido!- Que os meus olhos mal podem soletrar,Cansados...E o aroma fenecido Que se evola do teu nome vulgar!Enobreceu-o a quietação do olvido.Ó doce, ingénua, inscrição tumular.
Casimiro de Brito
Não Escolho Nada Deixo-me Vestir
Não escolho nada deixo-me vestir
Pela música discreta que tacteia
Meu corpo em sua breve caminhada.
Não desejo nada consinto apenas
Que a dor me visite e a jovem ceifeira,
Mãe das coisas todas, me seduza.
Não escolho nada nem sequer o vaso
Onde me derramo devagar
Como se fosse água, ou leve lume.
A Hora da Partida
A hora da partida soa quandoEscurecem o jardim e o vento passa,Estala o chão e as portas batem, quandoA noite cada nó em si deslaça. A hora da partida soa quandoAs árvores parecem inspiradasComo se tudo nelas germinasse. Soa quando no fundo dos espelhosMe é estranha e longínqua a minha faceE de mim se desprende a minha vida.
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