E havia uma gramática que dizia assim:
"Substantivo (concreto) é tudo quanto indica
Pessoa, animal ou cousa: João, sabiá, caneta".
Eu gosto das cousas. As cousas sim !...
As pessoas atrapalham. Estão em toda parte.
Multiplicam-se em excesso.As cousas são quietas.
Bastam-se.
Não se metem com ninguém.
Uma pedra.
Um armário.
Um ovo, nem sempre,
Ovo pode estar choco: é inquietante...)
As cousas vivem metidas com as suas cousas.
E não exigem nada.
Apenas que não as tirem do lugar onde estão.
E João pode neste mesmo instante vir bater à nossa porta.
Para quê?
Não importa: João vem!
E há de estar triste ou alegre, reticente ou falastrão,
Amigo ou adverso...João só será definitivo
Quando esticar a canela.
Morre, João...
Mas o bom mesmo, são os adjetivos,
Os puros adjetivos isentos de qualquer objeto.
Verde. Macio. Áspero. Rente.
Escuro. luminoso.Sonoro. Lento.
Eu sonho
Com uma linguagem composta unicamente de adjetivos
Como decerto é a linguagem das plantas e dos animais.
Ainda mais:
Eu sonho com um poema
Cujas palavras sumarentas escorram
Como a polpa de um fruto maduro em tua boca,
Um poema que te mate de amor
Antes mesmo que tu saibas o misterioso sentido:
Basta provares o seu gosto...
3 comentários:
=**
Mário Quintana entendia das coisas. Principalmente quando diz que as pessoas podem chegar adversas. Eu sou assim, adversa. Odeio me sentir intimidada a algo, ou limitada.... por isso vez e quanto eu enjôo das pessoas, elas chegam inquietas... inconstante... sempre em contra mão...
Somos bichos estranhos rsrsrs, quase sempre não entendemos nada rsrs, penso sempre em como desatar os nós conceituais que nos preendem, percebo ser algo dificil, mas, fazer o que né! até.
obs: Blog atualizado
Postar um comentário