O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
27/11/1930
Um comentário:
O poema da descoberta. Estava na capa do livro de gramática da 7ª série. Minha primeira noção de poesia... e eu achando que fingia mesmo tanta coisa... apenas 12 anos e não sabia nem o que sentia. E sentia tanta coisa. ^^ E esperava pelo amor. Aliás, eu já comecei a esperar pelo amor aos 10 anos... mas, aos 12 não gostei muito dessa história de beijar na boca. O amor poderia esperar até os 14. ;}
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